Esqueça Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. Quem ganhou mais vezes o prêmio de Melhor do Mundo da Fifa, a entidade mais alta do futebol, foi Marta, premiada de 2006 a 2011 e indicada doze vezes em treze anos, até 2017. Ela é a melhor jogadora da história do futebol feminino e a maior artilheira da Copa do Mundo de futebol feminino, além de maior artilheira da seleção brasileira, superando até mesmo Pelé.
Marta é a caçula de seis filhos e nasceu em Dois Riachos. O pai abandonou a família quando ela ainda era pequena e o peso da criação dos filhos recaiu sobre a mãe, Tereza. Na terra seca do sertão de Alagoas, ainda menina, seus pés criaram intimidade com a bola em um campo improvisado debaixo da ponte. Foi a única garota que se atreveu a jogar no meio de um bando de meninos, e a ousadia não passou despercebida ao conservadorismo da cidade sertaneja.
“Me chamavam de mulher-macho. Muito preconceito. Cidade do interior, todo mundo te conhece. E naquela época meninas nunca jogavam bola. Jogavam handebol, vôlei, qualquer outra coisa. Eu era a única na cidade que gostava de jogar futebol. Aquilo era absurdo para os moradores. Muita gente falava mal de mim, perguntava: ‘Como a mãe dela deixa? Como os irmãos deixam?’.”Entrevista à Revista Trip, julho de 2014
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Mas seu papel não se limita ao de atleta sem precedentes. Em 2010, foi nomeada embaixadora da Boa Vontade pela ONU, se comprometendo a atuar no combate à pobreza e, em especial, dar força à emancipação feminina.
No entanto, se a trajetória de Marta lembra a de tantos outros fenômenos do futebol, saindo da pobreza para o estrelato, há ainda um abismo que a separa de Messi (que, como ela, tinha cinco prêmios da Fifa até 2017) e Cristiano Ronaldo (que tinha quatro): a falta de prestígio e profissionalização do futebol feminino e os salários incomparáveis aos masculinos.
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