segunda-feira, 31 de julho de 2017

Um amor de Swann ganha nova tradução em lançamento do selo Tordesilhas


O selo Tordesilhas lança uma nova edição do clássico Um amor de Swann, de Marcel Proust. O livro é a segunda das três partes de No caminho de Swann, o primeiro dos sete volumes de Em busca do tempo perdido, uma das maiores obras da literatura universal, escrita entre 1908 e 1922. 

Além de uma nova tradução, que mantém o estilo típico de Proust, essa edição conta ainda com o prefácio de Marcelo Jacques de Moraes, professor titular de literatura francesa da UFRJ, em que trata de aspectos da obra proustiana, como a rememoração e sua estilística, além de sensibilizar o leitor para as grandes questões do romance, em especial o tema do amor e a relação entre vida e arte. 

O livro narra o amor obsessivo de Swann, homem culto da aristocracia francesa, que se apaixona por Odette, mulher fútil de reputação duvidosa. De um simples caso desinteressado, a relação evolui para algo que toma conta da vida do protagonista. Do momento em que Swann se encanta por Odette ao desfecho da paixão, Proust costura um drama que desvenda com sarcasmo e enorme perspicácia filosófica os estados psicológicos e articulações sociais inerentes à natureza humana. 

“E aquela doença que era o amor de Swann tinha se espalhado tanto, se misturado tanto a todos os hábitos dele, ao pensamento, à saúde, ao sono, à vida, até mesmo ao que ele desejaria para depois da morte, fundia-se a ele de tal forma que não teria sido possível arrancá-la dele sem destruí-lo inteiro aos poucos: como se diz em cirurgia, o amor dele não era mais operável.”

Ao narrar a história de Swann e Odette, a obra ultrapassa a descrição de uma simples história de amor para revelar gradualmente a complexidade dos sentimentos, da memória e do tempo – as bases do universo proustiano.


Este é a única parte de toda a obra Em busca do tempo perdido narrada em 3a. pessoa, tendo Swann como protagonista. Através da história de uma atração que se torna afeto, amor, obsessão, o narrador escancara como algumas relações interpessoais se constroem. 

Cenas como as do médico se esforçando para não demonstrar sua imensa insegurança em reuniões sociais ou da sra. Verdurin sendo prepotente para disfarçar seus medos, momentos em que se percebe como o olhar de Odette valoriza o parecer em vez do ser, entre outras, são apresentadas com a ironia proustiana típica, revelando muitos tipos comuns tanto na sociedade do século XXI quanto naqueles convivas do clãzinho dos Verdurin em pleno século XIX.

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