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terça-feira, 27 de agosto de 2019

Conheça "No silêncio do mar", livro inédito de Juliana Dantas

Na literatura, ele aparece pela primeira vez nos versos de Homero. Na história, a conexão dele com o ser humano está presente desde os tempos mais remotos. Muitas vezes é visto como hostil. Em outras é fascinante e contemplador. Já sabe de quem falamos? O protagonista aqui é o mar, fonte de inspiração de escritores de todas as épocas e estilos literários.

Toda esta introdução é para revelar o intenso e mais novo livro da best-seller paulistana Juliana Dantas: No silêncio do mar. O título é um dos livros mais aguardados pelo público admirador de literatura contemporânea, em 2019 e leva o selo Harlequin, da Editora HarperCollins.

As águas do oceano estão presentes do começo ao fim da obra, na qual a autora conecta metáforas cheias de significado. As ondas, a areia da praia, o vento e até mesmo o mar revolto são elementos que Juliana, de forma sutil, utiliza com inteligência para construir os diálogos e as narrativas. O mar e suas particularidades estão presentes desde a infância até a vida adulta dos personagens Ana e Gael – um casal próspero que mora em uma cidade litorânea. Ela, uma menina que convive com o medo do oceano, e ele, um apaixonado pelo mar que sonha em construir sua vida em torno dele.

Ana e Gael têm uma vida quase perfeita – uma casa em frente à praia onde construíram um lar reservado, porém cheio de intimidade. Tudo estava sob controle, mas a chegada de misteriosos vizinhos, como uma onda que leva tudo embora, abala a tranquilidade dos dois. É quase como um castelo de areia que desmorona e Ana não tem mais para onde fugir. “O mar revolto e impetuoso de que tinha tanto medo desde criança agora lhe cobrava que verdades assustadoras fossem reveladas”, declara Juliana.

Este segredo que tanto amedronta a protagonista é revelado na metade da obra. Sim, a verdade é desvendada antes do final, mas o leitor permanece instigado a compreender a complexidade dos personagens e o motivo deles passarem pelo difícil drama familiar. “Ao finalmente descobrirem o que está sob a superfície, espero que consigam mergulhar no drama da protagonista e ter empatia pela dor que ela sente. E, quem sabe, até mesmo perdoar suas atitudes?”, pondera.

Com um texto que flui como as ondas do mar, Juliana utiliza das metáforas com propriedade e apresenta uma história que prende pelos detalhes bem contextualizados. A escritora é famosa por escrever belas histórias de amor com uma pitada de dramaticidade, característica que rendeu à autora sucesso instantâneo em plataformas como Amazon e Kindle e menção em revistas de grande alcance como a Veja.
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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Avaliação empresarial pela primeira vez "Made in Brazil"

O Brasil é um país de dimensões continentais e, apesar de ser a oitava economia do mundo, quando o assunto é avaliação empresarial, a falta de material teórico sobre a realidade brasileira é uma das maiores dificuldades encontradas pelos avaliadores. Para preencher essa lacuna, o administrador e consultor Fernando Cabral lançou um verdadeiro guia de como avaliar empresas no país: Avaliação de empresas – e os desafios que vão além do Fair Value, lançamento da Lura Editorial.

Ao avaliar a primeira empresa de sua carreira, em 2005, Fernando teve a impressão de que “havia uma abismo entre o mundo teórico e prático”. Na época, encontrou apenas literatura voltada para o mercado norte-americano. Fato que, segundo ele, pouco mudou com o passar dos anos.

Para o autor, ao se basearem apenas em obras estrangeiras os avaliadores deixam de assumir problemas peculiares do Brasil, tais como: instabilidade econômica, mudanças de ordem tributária e crises políticas, além de outras particularidades empresariais típicas da cultura brasileira. “A ideia de fazer a obra, portanto, é fruto das minhas dificuldades e da minha paixão pelo assunto. (...) parte significativa dessa operação não está nos valores, mas na relação humana”, admite.

A obra é dividida em três partes. Na primeira, Fernando apresenta as metodologias de Avaliação de Empresas (Valuation) e suas armadilhas. Na segunda, de forma didática, explica como ocorrem as etapas do processo de compra e venda de empresas. Na terceira, o leitor é apresentado aos caminhos alternativos mais utilizados em Fusões e Aquisições (F&A) e à realidade do mercado nacional. Um dos destaques da obra é a descrição detalhada de uma avaliação na prática, com o uso do software de análise de risco chamado @RISK.

Fernando assume um grande desafio na tentativa de desmistificar a complexa teoria de valuation e como ela ocorre na prática. A obra se propõe a responder questões pontuais como: por que o valuation das empresas estão superavaliados? Quais são as armadilhas e os cuidados que deve ter? Mudanças de regime tributário fazem diferença no valor do negócio? Como proceder com o caixa da empresa e faturamento?

Ou seja, de maneira direta, o autor revela o que acontece no mundo da avaliação de empresas sem censura. E chega a uma conclusão: não importa de que lado você está, comprador ou vendedor, os desafios vão além do fair value (valor justo). É preciso ter conhecimento e habilidade para fechar o melhor negócio.
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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Existe motivo para a guerra?


Espelhos, fumaça, conflitos, poder... Explicar por que a guerra existe e o motivo de continuar é uma tarefa complexa. O internacionalista, ghostwriter e jornalista Vinicius Gomes Melo, em Entre Espelhos e Fumaça, aceitou o desafio: refletir sobre o real motivo das guerras. Publicado no Brasil pelo Grupo Editorial Letramento, o thriller de ficção com fundo histórico reúne intrigas internacionais, espionagens entre potências mundiais e guerras travadas nas trincheiras, mas também na diplomacia e na influência entre países.

Três tramas paralelas que ao mesmo tempo se completam fazem parte de uma narrativa ideal para aqueles que gostam de ação e de suspense. A primeira delas é a história das jornalistas Mac e Rosie, mãe e filha. As duas recebem uma informação que pode alterar o curso da invasão norte-americana ao Iraque, em 2003. Enquanto lidam com a relação maternal, tornam-se testemunhas oculares de um 

A segunda diz respeito aos últimos meses de 1963. Um ex-espião busca a redenção de seus pecados, mas se vê no meio de uma conspiração de assassinato que pode incendiar a Guerra Fria. E a última relata um dos episódios mais tristes da história: a Segunda Guerra Mundial. Um jovem soldado luta não apenas contra o inimigo, mas também por sua humanidade, em um cenário de morte e caos nas sufocantes selvas do Pacífico.

Por sua formação em relações internacionais, Vinicius construiu em sua obra um olhar crítico sobre o panorama sociopolítico-econômico mundial. Além disso, também demonstra facilidade com as palavras, fruto do seu trabalho como jornalista, com um texto que envolve e motiva o leitor a seguir adiante. O escritor também é coautor dos livros de não-ficção “Bernie Sanders e a Eleição que Não Terminou”, que será lançado em breve pela editora Letramento; e traduziu a obra “Em Estado de Choque: Sobrevivendo em Gaza sob Ataque Israelense”, publicado pela Autonomia Literária.
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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

"Até Quando? O Vai e Vem" romance ficcional escrito por psicóloga franco-brasileira


João é um operário que detesta a vida. Sente inveja do dono da construtora. Cobiça a arquiteta, apesar de também odiá-la. Odeia tudo e a todos, até ele mesmo. Nutre um sentimento de infelicidade sem perspectiva alguma de mudar. Esta é a história de João no começo do livro Até Quando? O vai e vem, escrito pela psicóloga franco-brasileira Christiane de Murville, lançado no Brasil pela Chiado Books.

Logo nas primeiras páginas, João morre e vai parar em um lugar chamado “salão de memórias”. Neste local – à margem do mundo terreno –, ele encontra os registros de tudo o que fez, ou não, em vida. As imagens de pessoas que magoou, de desejos e sonhos frustrados. A insatisfação com a sua existência recente faz João tomar uma decisão: voltar à Terra para esclarecer tudo e provar que tem qualidades.

Retornar não é tão simples quanto imagina. Ele precisa beber da “água do esquecimento” e, assim, não se lembrará da vida passada, nem reconhecerá as mesmas pessoas de seu círculo de relacionamentos. No entanto, continua a se relacionar com os mesmos amigos, vizinhos, familiares e até inimigos. Entre as idas e vindas ao “salão de memórias”, João evolui como pessoa e entende que a felicidade está além do corpo e dos bens materiais.

“E a vida seguia assim, com a turma indo e vindo, reencontrando-se, vivendo tanto momentos alegres e felizes, como desafiadores e angustiantes. Porém, até quando João e seus familiares ficariam nisso? Estavam todos presos nesse esquema que parecia interminável, repetindo sensações, situações, esquecendo-se de que constituíam uma só família.” Até Quando? O vai e vem – pag. 265

O livro apresenta reflexões atuais e durante a aventura de João e sua família, é possível refletir sobre a própria vida. Os personagens intercalam momentos de grande alegria a situações de extremo sofrimento. E a pergunta que fica é: até quando continuarão a reeditar as experiências já vividas, repetir comportamentos ruins e retornar a lugares já conhecidos? “Impossível não se identificar com algum dos personagens apresentados ou com alguma das situações descritas”, conta a autora. 

Este é o sexto livro escrito por Christiane, que é doutora em psicologia e artista plástica – ela mesma criou as ilustrações do livro. A obra, que também será lançada na França ainda este ano, ganhou o “Prêmio Brasil Entre Palavras”, organizado pelo blog “Cura Leitura”, como melhor ficção de 2018. A continuação deste romance ficcional Até Quando? A prisão, está em processo de tradução e será publicado em breve no Brasil.
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sexta-feira, 26 de julho de 2019

Pintor Candido Portinari tem poemas reeditados pela Funarte

A Fundação Nacional de Artes – Funarte lança no dia 25 de junho, terça-feira, às 18h, no Museu Nacional de Belas Artes, no Centro do Rio de Janeiro, o livro Poemas de Portinari, em nova edição ilustrada. Ela comemora os 40 anos do Projeto Portinari.

Nos últimos anos de sua vida, já consagrado como o grande pintor brasileiro, Candido Portinari passou a escrever poesia, sem a pretensão de publicar. Foi por insistência do amigo Antonio Callado que decidiu aprovar a publicação de uma coletânea, que saiu em 1964, dois anos após a morte do autor, pela José Olympio Editora.

A primeira edição saiu sem ilustrações, conforme determinara Candinho, que não queria se aproveitar da boa fama de pintor para vender o livro. Nesta reedição da Funarte, porém, uma vasta pesquisa foi empreendida pelo Projeto Portinari para encontrar as pinturas mais apropriadas para ilustrar os poemas.

O resultado é um belíssimo livro ilustrado, com poesia e pintura inspiradas nas memórias da infância do artista em Brodowski (SP). Preservada a seleção dos poemas preparada por Antonio Callado, o Projeto Portinari alterou levemente a disposição dos textos e fez alguns acréscimos, a partir de minuciosa comparação com os manuscritos originais de Candinho.

A organização original dividiu os poemas em três grandes partes: a primeira sobre a alegria do menino no interior paulista; a segunda sobre os medos da infância; e a terceira, de cunho social, sobre a revolta que o homem feito sentiu ao se dar conta dos horrores da fome e da miséria. A nova edição vem acrescida de uma quarta parte, Odes, em que Portinari tece homenagens poéticas.

Os textos de abertura históricos de Manuel Bandeira e Antonio Callado foram mantidos e a nova edição traz ainda uma nova apresentação de Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras. Com a reedição, o Projeto Portinari comemora 40 anos de empenho na preservação e difusão da obra do grande pintor brasileiro Candido Portinari.


CANDIDO PORTINARI nasce em 30 de dezembro de 1903, numa fazenda de café perto do povoado de Brodowski, no estado de São Paulo. Filho de imigrantes italianos de origem humilde, recebe apenas a instrução primária e começa a pintar aos nove anos. Seis anos mais tarde, muda-se para o Rio de Janeiro e se matricula na Escola Nacional de Belas-Artes. Em 1928 conquista o Prêmio de Viagem à Europa, com o Retrato de Olegário Mariano. Permanece em Paris durante todo o ano de 1930, de onde, à distância, vê melhor a sua terra. 

Ao retornar, põe em prática a decisão de retratar nas suas telas o Brasil. Preocupado, também, com aqueles que sofrem, Portinari mostra em cores fortes a pobreza, as dificuldades, a dor. Portinari participa da elite intelectual brasileira numa época em que se verifica uma notável mudança na atitude estética e na cultura do País. Torna-se um dos maiores pintores do seu tempo. Por seu envolvimento político, foi perseguido e chegou a se exilar por certo tempo no Uruguai. Na última década de sua existência cria, para a sede da Organização das Nações Unidas, os painéis Guerra e Paz. Candido Portinari morre no dia 6 de fevereiro de 1962, vítima de intoxicação pelas tintas.


Trecho do livro Poemas de Portinari

Viajante Solitário 
Não me quiseram, enjeitaram
Minhas palavras...
Serei um dos meus espantalhos?
Afugento os caminhantes?
Não, eles se afugentam. Não
Entendem a lua
Não sabem da poesia
Só não estou, mesmo não estando
Comigo. Converso com o vent o e a
Tempestade.
De noite ou dia – verei as sombras
E dormirei em paz. Tenho uma
Camisa. Meu leito é embaixo das
Árvores. Tranquilo ouço o rumorejar
Das folhas secas…
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quinta-feira, 11 de julho de 2019

Livro de ficção que promete uma empolgante aventura repleta de suspense

Chega às livrarias brasileiras a obra O Mistério de Cruz das Almas, terceiro livro da série de ficção Aventuras de Daniel, escrita pelo jornalista Maurício Zágari. Na nova aventura, Daniel parte em uma viagem missionária e se vê envolvido numa trama apavorante, um mistério sobrenatural que coloca a fé do jovem à prova e o leva a questionar as próprias crenças.
Marca registrada de todos os livros da série, nessa terceira publicação, Maurício levanta debates sobre questões relacionadas a princípios bíblicos e a situações que demandam determinação e coragem. A cada página, o leitor é convidado a mergulhar numa intrigante investigação e a refletir sobre tópicos importantes como fé, comportamento e integridade.
Além de divertir, os títulos da série Aventuras de Daniel são um excelente recurso para pais, professores e líderes de jovens que podem utilizar os diferentes assuntos abordados como temas para os momentos de ensino e debate.
O Mistério de Cruz das Almas é um livro que promete bom entretenimento e muita adrenalina, tendo como pano de fundo valores milenares edificantes. Um convite para mergulhar numa história de tirar o fôlego que conquistará leitores 
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sábado, 6 de julho de 2019

Melhoramentos lança obra que comemora os 50 anos da Supermãe

No final dos anos 1960 surgiu um famoso personagem com poderes ilimitados e vestimentas nas cores azul, amarelo e vermelho. Quem pensou no Super-Homem não conheceu as proezas de Dona Clotildes. Ziraldo retratou com muito humor o zelo exagerado e apelos melodramáticos de The Supermãe, de 1968 a 1984, em tiras do Jornal do Brasil e nas páginas da revista Claudia.

Sendo o mais velho de 7 irmãos, Ziraldo foi o primeiro neto e o primeiro sobrinho. "Mesmo com os bons-tratos e os paparicos, aprendeu a se virar sozinho desde cedo e achava muito engraçado seus novos amigos cariocas, que tinham hora de voltar pra casa e morriam de medo da 'mamãe'", comenta Guto Lins na apresentação da obra. "Ele cuidava dos irmãos, se mandara pro Rio deixando sua mãe chorosa na rodoviária de Caratinga.... e não tinha como não estranhar a falta de independência de 'marmanjos' de sua mesma idade. Segundo ele, a semente da Supermãe foi plantada após essa constatação", completa Guto, dando o tom do que se pode encontrar nas páginas da obra que celebra os 50 anos dessa superpersonagem.

Assim como Ziraldo, The Supermãe é atemporal e eterna. Na edição comemorativa, além de 16 anos de história, também são apresentados esboços, textos inéditos e curiosidades. O almanaque reproduz essas histórias a partir de artes finais ou de páginas impressas dos originais já perdidos no tempo, para registrar a criatividade e o estilo de um dos maiores desenhistas do país.

Pioneiro nas artes gráficas, Ziraldo passou a influenciar gerações com sua expressividade tipográfica. "As letras das falas são quase personagens! O título das páginas de nossa heroína, por exemplo, varia de acordo com o contexto. E a riqueza dos detalhes no traço ou as expressões sutis de um olhar, de um canto de boca, de uma sobrancelha compõe fortemente a narrativa", destaca Tarcísio Vidigal, um dos organizadores da obra.

Sobre os textos inéditos, Adriana Lins, sobrinha do cartunista que também organizou a obra, pontua que eles revelam sutilezas maravilhosas do autor, "possíveis de serem observadas e tão bem contadas só por quem é mesmo muito fã e tem a chance de conviver perto de Ziraldo". A seleção de histórias de D. Clotildes e seu filho Carlinhos narra uma "saga materna ziraldiana", e o próprio cartunista sempre se considera uma supermãe que, assim como a personagem, acompanha em detalhes a vida dos filhos e que sempre quis saber onde eles estavam e a que horas voltariam.

Ao longo dos anos, The Supermãe foi pouco a pouco ganhando identidade, ocupando cada vez mais espaço e criando empatia com as outras supermães. Todas sempre achando que a nova namorada do Carlinhos é feita de kriptonita pura e que o efeito só termina quando virarem Superavós. Mas isso já é outra história...
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domingo, 30 de junho de 2019

A perspicácia machadiana


O romance “Quincas Borba” escrito por Machado de Assis, quebra de vez com o romantismo da época, marcando assim a produção realista na literatura brasileira para sempre. Ao contrário do que o título sugere, a obra não tem como personagem principal o filósofo Quincas Borba, mas sim Rubião, professor primário que se tornou enfermeiro e amigo herdando toda a riqueza após sua morte.

A escrita em terceira pessoa é retomada nesta obra, um estilo machadiano para dar mais ênfase na história de vida da personagem, tratando assim o filósofo como alguém ingênuo e provinciano, tendo como sua maior preocupação o que restaria de sua memória pós-morte, torcendo assim para que seu cachorro que possuía o mesmo nome morresse em segundo lugar.

Com seu novo cachorro e herança, Rubião sai do interior de Minhas Gerais rumo ao Rio de Janeiro, se aproximando cada vez mais de um casal em sua nova vida, e acaba se apaixonando pela esposa Sofia. O casal se aproveita de sua inocência e condição financeira, porém o recém-chegado logo percebe essa rejeição e aos poucos vai desenvolvendo uma demência, que termina por deixa-lo em um manicômio totalmente fora da realidade acreditando ser um imperador francês, fugindo assim do local com seu cachorro e morrendo aos poucos, dia após dia.

Machado retrata em sua obra apontamentos do cientificismo e evolucionismo da época, trazendo assim a ideia de um Darwinismo nas relações sociais em que sobrevive somente o mais forte e adaptado nas relações, sendo Rubião um retrato do então fracasso dessa possível evolução. O romance não é o mais conhecido do autor, mas se diferencia por deixar o narrador em terceira pessoa com a mesma importância de um em primeira pessoa, e com os questionamentos sobre a verdade próprio do discurso machadiano.

Por fim vale lembrar que os posicionamentos de Machado a respeito de suas obras foram inovadoras e quebraram a forma de se fazer literatura no Brasil. O autor se preocupa em retratar sua realidade da época, com todas as nuances que ela carrega e as complexidades dos homens, sempre carregado de uma filosofia positivista em evidência.

Quincas Borba é o vigésimo quarto título da coleção Biblioteca Luso-Brasileira. Com excelente receptividade do público, a coleção é especialmente pensada para os estudantes de ensino médio e vestibulandos, acrescentando a cada edição notas explicativas dos termos menos coloquiais.
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quinta-feira, 27 de junho de 2019

Imigração e preconceito em literatura intensa e original

Baal, editada pela Record, é uma história familiar, escrita pela escritora e psicanalista Betty Milan, autora do best-seller Paris não acaba nunca, livro de crônicas – publicado inclusive na China – e dos romances, A Mãe Eterna e O Papagaio e o Doutor, cujos direitos já foram comprados para o cinema.

O narrador do novo livro é Omar, originário do Oriente Médio. Após largar do seu país para fugir da guerra ele enfrenta, na América, o drama do preconceito e as dificuldades da mascatagem. Depois, contrariando todas as estatísticas, enriquece e constrói para a sua filha única, Aixa, um palácio, Baal, que é “uma joia do Oriente no Ocidente”.

Após a sua morte, o mundo familiar começa a ruir, assim como o palácio que, além de ter sido a casa da família, acolheu muitos imigrantes e estava destinado a ser um memorial da imigração.

Pervertidos pelo dinheiro e com medo do empobrecimento, os netos resolvem demolir Baal para vender só o terreno e fazer o mais rentável dos negócios. Tiram a mãe, Aixa, já idosa do lugar onde ela sempre morou e a transferem com a fiel servidora e o cachorro para um cubículo.

Indignado, Omar rememora a sua vida e, ao fazer isso, descobre que, por ter sido omisso, também foi responsável pelo drama da família. O protagonista não contou sua verdadeira história e não transmitiu o que sabia. Além disso, não formou Aixa para ser a sua sucessora pelo fato dela ser mulher.

Trata-se de uma obra sobre o sofrimento, a luta e o trabalho dos imigrantes. Sobre o preconceito em relação às raízes. Sobre a falta de gratidão dos descendentes. Baal mostra a importância da rememoração e dá a entender que a memória é a condição da paz.

O homem imigra desde sempre. Mas a história subjetiva da imigração é pouco conhecida e é por ela que Betty Milan se debruça, daí a originalidade desta nova obra.
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sexta-feira, 21 de junho de 2019

Professora escreve livro sobre princesa guerreira quilombola


A procura por uma literatura infantojuvenil que tivesse referências na cultura negra para a filha Sara, de 3 anos, levou a professora Sinara Rúbia a criar a princesa Alafiá. A princesa Alafiá ganhou corpo durante a elaboração da monografia de Sinara no curso de letras, na Universidade Estácio de Sá (Unesa), em Petrópolis (RJ), virou conto e um livro que traz histórias da guerreira e quilombola imaginada em 2003, quando a professora se preocupava com a construção da identidade da filha, uma menina negra que crescia e precisava ter referências tanto em filmes, como nas bonecas e em narrativas.

“[Em 2003] foi quando eu me deparei com este tema, comecei a procurar personagens e referenciais dentro da literatura. Entendi a escassez e praticamente ausência de personagens negros com referenciais positivos e saudáveis. Quando tinha, eram sempre estereotipados e narrados de uma outra forma a partir do racismo”, disse à Agência Brasil.

Para a monografia, em 2005, Sinara entrevistou meninas negras de 5 a 12 anos de escolas da rede pública de Petrópolis e concluiu que a literatura infantil só com personagens brancos dos contos de fadas impactava a construção da identidade das crianças negras. Segundo a professora, com as entrevistas, ela percebeu que com essa ausência, somada a outros mecanismos de imagens como a televisão, as bonecas e os brinquedos, a literatura legitimava a presença desqualificada que contribuía no processo de branqueamento e negação negra. 

“Quando perguntava para elas se pudessem mudar alguma coisa na personagem que mais gostavam ou preferiam, era perceptível que preferiam algo próximo ao biotipo físico delas. Havia a motivação para que elas se identificassem com as personagens, porém, para elas não as representava e contribuía para a negação dessa não condição de negro”, disse.

Hoje, Sinara administra cursos de contação de história negra e de literatura infantojuvenil. Ao longo dos anos, ela percebeu que era uma das poucas pessoas que fazia este tipo de trabalho, incluindo a aplicação da Lei 10.639, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino público e privado. “A literatura infantojuvenil vem crescendo, a gente vem tendo um número de pessoas interessadas nessas narrativas. Infelizmente ainda tem quem esteja mais voltado para o mercado e repete estereótipos, apesar de colocar a criança negra”.
Conto virou livro

O conto, escrito em 2007, após a conclusão da monografia, se transformou em livro que foi lançado, no dia 15, no Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá. “Essa história surgiu por conta do resultado da minha monografia e segue a mesma estética dos contos de fada. Tem a aventura, só que a minha princesa é uma princesa negra, que foi escravizada, se tornou guerreira e quilombola, que resistiu à escravidão com resiliência. Tem a questão do amor também, mas não é com um homem que resolve todos os problemas e leva ela para viver submersa em um castelo. É uma princesa que casa e se apaixona pelo chefe do quilombo, inspirada na trajetória das mulheres negras do Brasil”, indicou.

O livro, segundo Sinara, foi a forma de ampliar o universo da princesa Alafiá, que até ali ficava restrita aos momentos de contação de história de que participava. “Resolvi colocar a história no libro, para ela, além da minha voz na contação de história e do meu trabalho, circular com uma abrangência maior da proposta que fala de mulher, de empoderamento feminino, da história do negro no Brasil e da história do Brasil em uma outra perspectiva da literatura infantojuvenil”, disse.
Estreia tripla

A escritora disse que entre as editoras brasileiras, cerca de 10 fazem um trabalho específico de literatura infantojuvenil voltada para a cultura negra. O livro foi publicado pela Editora Nia Produções Literárias, de Tatiane Oliveira e ilustrado pela artista plástica Valeria Felipe. Foi uma estreia para as três. Tatiane tem uma livraria itinerante que leva a diversos eventos e Valeria, embora tenha muitos trabalhos de pintura, nunca tinha se dedicado à ilustração de livros.

A artista plástica explica que para fazer o trabalho precisou estudar um pouco a história de negros escravizados, como a princesa Alafiá, que pertencia ao antigo reino de Daomé e chegou ao Brasil em navios durante o período de colonização portuguesa. 

“A experiência de ilustrar é mais um resgate para mim também como referência, até porque eu sou preta. No meu tempo de escola não tive história de cultura preta. Fui pesquisar a história. Tive que entender o que aconteceu em Daomé e porque hoje é Benin, quem foi o povo que invadiu lá e quem morou ali. Passei a ter um resgate da história que não vivi quando criança”, disse Valeria.

Os interessados na compra de um exemplar podem acessar o perfil no Facebook da editora. “Estou trabalhando há três anos como livraria de literatura infantojuvenil e agora lancei meu primeiro livro como editora, com três mulheres estreantes", disse Tatiane.
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sexta-feira, 14 de junho de 2019

Preparação para a Flip: Os sertões


Autor de uma das obras fundamentais sobre o Brasil – Os sertões – o escritor, jornalista e engenheiro Euclides da Cunha (Rio de Janeiro 1866-1912) é o Autor Homenageado da Flip 2019, que acontece de 10 a 14 de julho, em Paraty. A editora Fernanda Diamant é a curadora responsável pelo Programa Principal, que tem direção geral e artística do arquiteto Mauro Munhoz.

E para ajudar você a se preparar para essa festa, o clássico sobre a rebelião de Canudos chega à Penguin-Companhia com novo estabelecimento de texto, notas, cronologia e textos de apoio de Lilia Moritz Schwarcz, André Botelho e Luiz Costa Lima. Uma obra sobre o sertão, as injustiças sociais do Brasil e a violência que marcou o país.

Segundo Fernanda Diamant:

“Os sertões pode ser considerado um dos primeiros clássicos brasileiros de não ficção. Mistura jornalismo, geografia, filosofia, teorias sociais e científicas– muitas delas ultrapassadas – para falar de um país em transição. O país tornava-se república no auge do determinismo. A obra mudou o entendimento que se tinha sobre o interior do país e do homem sertanejo. Além de ser grande literatura do ponto de vista da forma, ela faz críticas morais, políticas e sociais altamente pertinentes no Brasil de hoje. Mais que tudo, mostra a transformação existencial de um homem que entra contato com uma realidade desconhecida e precisa reorganizar seus valores.”

Escrito a partir do trabalho jornalístico de Euclides da Cunha sobre a rebelião de Canudos, Os sertões é considerada uma das obras mais importantes da literatura nacional. Ao narrar a violenta e exaustiva repressão sofrida pelo bando de Antônio Conselheiro, o autor narra também a formação do homem sertanejo.

Muitas vezes visto como corroboração às ideias evolucionistas que permearam os anos 1900, este livro, na verdade, leva as contradições de tais ideias ao limite. A própria narrativa, o contar dos acontecimentos, vai desenhando um argumento contrário às polaridades e dicotomias estanques.

Ainda muito atual, Os sertões denuncia os crimes cometidos por uma sociedade eurocêntrica, violenta, autoritária, desigual e excludente, além de desafiar qualquer resposta fácil para as questões sertanejas.
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quinta-feira, 16 de maio de 2019

O que José de Alencar representa para a literatura?

Em maio é comemorado o Dia da Literatura Brasileira e são tantas obras importantes para o país que não podemos deixar de celebrar e indicar os autores que fizeram a diferença para o leitor. A escolha foi por conta do aniversário do escritor José de Alencar, que nasceu neste dia e foi o primeiro a retratar o Brasil de forma realista, o sertão e a vida indígena eram seus temas favoritos.

O Grupo Editorial Edipro, não seria a editora dos clássicos se não tivesse em seu catálogo as obras mais lidas desse exímio escritor, que são um serviço à sociedade brasileira. São elas:

Senhora: um dos últimos romances escritos pelo autor, antecipa alguns aspectos do Realismo e do Naturalismo, que dominariam a literatura brasileira nas décadas seguintes. O casamento por interesse, a sociedade de aparências e a hipocrisia são importantes temáticas abordadas por Alencar. Um marco para a literatura e para o Brasil em relação às críticas sobre a sociedade.

Lucíola: nesta obra, são os homens que estão em ascensão social. É o universo das cortesãs e dos homens abastados em forma de carta. Lúcia, uma meretriz, é atraída por um novo rapaz, que consegue enxergá-la além das aparências e dos preconceitos da sociedade carioca. Mais uma vez, o autor afronta a sociedade em um romance repleto de tramas amorosas e com um desfecho surpreendente.

Iracema: este livro faz parte da trilogia indianista de José de Alencar – que inclui ainda O guarani e Ubirajara –, vertente da literatura romântica brasileira que buscou valorizar os temas e a língua nacionais. Amor proibido é a trama deste clássico, entre uma índia e um guerreiro português. Esta edição tem texto integral e traz notas explicativas para os termos não usuais, para facilitar a compreensão da obra.

Til: no Brasil os costumes e linguagem da vida rural são fatos que devem ser estudados, principalmente os antigos, pois geralmente são marcados por pela escravidão e pela disputa de poder. E é neste livro que Alencar expõe isso e presta uma das maiores contribuições ao Regionalismo brasileiro.

Sobre o autor

José de Alencar nasceu em 1829 no Ceará. Quando tinha 11 anos, sua família mudou-se para a capital do Império do Brasil, Rio de Janeiro. Aos 17 anos, iniciou seus estudos no curso de Direito e fundou a revista Ensaios Literários. É autor de Cinco minutos, A viuvinha, Senhora, O gaúcho, O sertanejo, Guerra dos mascates e a trilogia O guarani, Iracema e Ubirajara, entre outros romances. Foi chefe e consultor da Secretaria do Ministério da Justiça. Em 1860, ingressou na política como deputado estadual no Ceará, e em 1868 tornou-se ministro da Justiça. No ano seguinte, candidatou-se ao Senado do Império, mas não foi escolhido por ser muito jovem. Faleceu no Rio de Janeiro em 1877, de tuberculose, após um tratamento médico fracassado na Europa.
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sábado, 4 de maio de 2019

'A Contrapartida' é um thriller de tirar o fôlego

Do escritor brasileiro Uranio Bonoldi, o livro A Contrapartida traz história baseada em assassinatos em série que ocorrem em um ambiente de misticismo e suspense. Como pano de fundo, a obra destaca a importância das escolhas e decisões, bem como as consequências geradas por elas

Nas livrarias desde março, o livro tem ganhado repercussão na internet a partir de análises críticas dos principais influenciadores de cultura pop no Brasil. Outro detalhe que tem chamado a atenção nas redes sociais é o booktrailer de divulgação. Nele, atores encenam os momentos-chave mais angustiantes e sombrios da obra, revelando de forma precisa a essência de mistério presente na trama. 

A obra traz em sua capa uma cinta de recomendação de leitura nas palavras do navegador brasileiro, palestrante e escritor Amyr Klink, primeiro homem a fazer a travessia do Atlântico Sul a remo. "Navegar é um ato de paciência, e existem decisões que só devem ser tomadas na hora certa. Divirta-se com A Contrapartida e ganhe bons elementos para avaliar melhor suas futuras escolhas", destaca.
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sexta-feira, 3 de maio de 2019

Marcelo Rubens Paiva escreve sobre o ridículo nas relações amorosas


Com uma habilidade incomparável para descrever as nuances do universo feminino e humor suficiente para enxergar o quanto os homens podem ser ridículos, o escritor Marcelo Rubens Paiva reúne em - O Homem Ridículo - novos contos e crônicas reescritas, à luz da recente onda feminista. 

Fã de Euclides da Cunha e Dalton Trevisan, Marcelo segue seus mestres literários e, como eles, reescreve suas obras antigas ao reeditá-las – corta, enxuga, acrescenta. Assim, um volume sobre as verdades que as mulheres não dizem se transformou em outro livro, com contos novos, narradores trocados e novas situações dramáticas.

Os contos e crônicas deste livro contam histórias que o autor viveu e reinventou, ouviu dos amigos e acompanhou de perto. Boêmio assumido, caçula numa família de quatro irmãs, adora escutar as mulheres e admite que o homem perde espaço para a persistência sofisticada e a inteligência das mulheres.

Em O Homem Ridículo, Marcelo Rubens Paiva nos ajuda a refletir sobre os sucessos e fracassos das relações amorosas, sobre as dificuldades de se amadurecer e entender o mundo por meio dos olhos de quem amamos.
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terça-feira, 19 de março de 2019

Respeito às diferenças é tema de livro para crianças

As coisas podem ser vistas de diversas maneiras, não existe alguém melhor ou pior em tudo, há sim áreas de conhecimento distintas que não se excluem, podem e devem se complementar. Parece simples entender essas premissas? Sim! Mas, como fazer com que as crianças compreendam que as pessoas são diferentes e que isso é positivo? Esta é a proposta do livro "O Sol Brilha para Todos: Gosto não se discute, se respeita", de autoria da professora Camilla Volpato Broering e da alumna (egressa) Fernanda Selli Nunes, do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

A obra foi lançada pela Juruá Editora, nesta semana, com foco no público infantil, para ser utilizada por terapeutas a partir das abordagens cognitivo comportamental e colaborativa dialógica, que se baseiam na ideia de que cada pessoa é a maior especialista em si mesma. As práticas consideram que as pessoas se diferem umas das outras por viverem experiências diferentes, porém, ao mesmo tempo, o relacionamento entre elas é fundamental para o conhecimento, a moralidade e as emoções. As autoras do livro defendem que para se viver em comunidade, de forma saudável, o respeito é o ingrediente mais importante – por si e pelo outro. 

Para a psicoterapia cognitivo comportamental, os pensamentos influenciam os comportamentos. "Se os pensamentos podem ser alterados e monitorados, o comportamento desejado também pode ser influenciado. Queremos que o livro ajude as crianças a encararem as diferenças como oportunidades para conhecerem diversas maneiras de ser, respeitá-las e, quem sabe, até alterar os pensamentos", afirma a professora Camila. 

A psicóloga Fernanda explica que é no respeito que a terapia colaborativa dialógica ocorre. Nesta técnica, o terapeuta assume uma postura de aprendiz diante da vida do cliente, abrindo mão de alguns conhecimentos prévios para visualizar a forma como os clientes constroem o mundo. Juntos, terapeuta e paciente constroem conhecimentos por meio do diálogo, gerando transformação mútua, norteados pelo respeito, a curiosidade genuína e a simetria.

O livro conta com ilustrações de Ramon Murilo da Silva e está à venda a R$29,90, no site da editora.
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quinta-feira, 7 de março de 2019

O Velho Código e o Inimigo Invencível


A descrição do cenário onde se desenrola a tessitura narrativa de O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, não poderia ser mais autêntica. Estima-se que a Grande Peste Negra – assim ficou conhecida a pandemia que assolou a Europa entre os anos de 1348 e 1352 – ceifou a vida de 32 milhões de pessoas. Diante desse contexto apocalíptico, recém regresso das cruzadas, Antonius Block (Max Von Sydow) começa a questionar a religião e racionalizar sobre a vida e a morte.

Nesse fiorde de absoluto medo e terror a Dona Morte se apresenta, não só como a certeza mais absoluta como também um personagem que interagia com os demais. 

A exterioridade das indagações do cavaleiro diante da peste produziu uma das mais memoráveis cenas do cinema mundial. Block se encontra com a Morte e ela está pronta para leva-lo. Ele diz que sua alma está preparada, mas que sente medo. De maneira a fugir de sua sina, o cavaleiro propõe uma partida de xadrez. Caso ganhe, a morte o poupará, caso perca, será levado por ela.

De pronto a morte aceita o desafio.

Inspirado nessa ideia e sintonizado nesse ideal, o escritor paulista M. R. Terci utilizou a referência a esse icônico desafio para idealizar a capa do livro Imperiais de Gran Abuelo, publicado pela Editora Pandorga.

Muito embora seu romance não se passe na idade média, há entre essas obras um tópico em comum. Tanto o filme de Bergman como o livro de Terci retratam e questionam o alto grau de superstição de seus cenários. Em O Sétimo Selo, uma mulher, acusada de manter entendimento com o oculto, é procurada pelo cavalheiro para saber se o diabo tem as respostas para os questionamentos que a igreja não soube dirimir, numa clara referência à árvore do fruto proibido, do conhecimento e da ciência. Em Imperiais, finda a Guerra do Paraguai, no tabuleiro da guerra bacteriológica, o narrador refuta a superstição e os terrores desencadeados pela suposta bruxaria do inimigo, corroborando o fato de que a ciência, àquela altura, já havia revelado verdades extraordinárias acerca do mundo natural.

Após a 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, palco onde os Imperiais de Gran Abuelo sagraram-se sucesso de público e vendas, o livro ainda foi indicado ao Prêmio Cubo de Ouro, na categoria Melhor Literatura Geek 2018 e este ano estará concorrendo à quatro dos principais prêmios da literatura nacional, entre esses, o Prêmio Jabuti organizado pela Câmara Brasileira do Livro.

Mesmo diante da realidade de que o mercado editorial e livreiro do Brasil ainda respira por aparelhos após atravessar uma das maiores crises de sua história, pudemos nos certificar de que ainda existe um traço heroico e medievalesco no ato de lutar contra o inimigo invencível e as regras do combate ainda são as mesmas estampadas no velho código da cavalaria. Na sempre contemporânea peleja do xadrez, mesmo diante do inimigo invencível, saldo positivo para o escore de Imperiais de Gran Abuelo.
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Romance juvenil sobre Física Quântica?

Viagem no tempo é um assunto difícil de ser abordado na literatura sem fazer o leitor se perder na cronologia da história, mas a escritora Giovanna Vaccaro, apesar da pouca idade, faz isso com maestria e conquista o leitor com sua escrita.

A hipótese da viagem no tempo se refere ao conceito de mover-se para trás ou para frente através de pontos diferentes na cronologia em um modo análogo à mobilidade pelo espaço. Algumas interpretações sugerem a possibilidade de viajar através de realidades paralelas. Mas, de uma forma espetacular, Vaccaro em sua obra “E se...”, faz com que esse acontecimento seja ainda mais divertido e curioso, pois ao invés de usar máquinas do tempo, portais ou buracos de minhoca, ela aborda esse fenômeno através de uma pílula que leva o protagonista para qualquer ponto no espaço-tempo. Demais, né?

O livro “E se...”, da escritora e estudante de jornalismo Giovanna Vaccaro, publicado pela Editora Coerência já em sua segunda edição, aborda a história do jovem um tanto rebelde, Logan Moore que é colocado no centro da fantasia romântica como personagem principal, quebrando o estereótipo da “mocinha” sempre ser a protagonista em romances. Porém, para Logan, quando se trata de amor ele está disposto a fazer tudo. Na narrativa, o leitor acompanhará Moore em sua busca para evitar que a paixão de sua vida, Olívia, se machuque – mesmo que isso signifique sacrificar tudo que ele possui e viajar no tempo diversas vezes, revivendo sofrimentos e consequências desastrosas.

De maneira sensata, a autora sempre coloca um pouco de conscientização a assuntos sérios na moral da história. É com esse intuito que essa jovem escritora, de mentalidade aberta, se prepara para emocionar os diversos tipos de leitores do Brasil – dando voz ao futuro da literatura jovem no país.
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Clarissa Wolff estreia na Verus com “Todo mundo merece morrer”


Esqueça a narrativa padrão que você está acostumado a encontrar na literatura. Clarissa Wolff debuta na Verus e faz do seu “Todo mundo merece morrer” uma trama desconstruída sobre a dualidade do ser humano. Clarissa faz parte desta nova geração de autores que vêm para renovar o cenário nacional. Seu primeiro romance é contundente, reflete a sociedade e ainda coloca em xeque as discussões sobre tolerância. 

Tudo começou com uma “brincadeira” do marido quando ele foi buscá-la no metrô e sugeriu uma história que se passasse no local. E foi exatamente isso que Clarissa fez. Com inspiração na ganhadora do Pulitzer Jennifer Egan, Clarissa escreve sobre um crime no metrô da linha verde de São Paulo que conecta treze vidas, treze personagens sintomáticos dos tempos modernos que vivem dentro de suas próprias certezas incontestáveis. Mas este grupo heterogêneo tem mais em comum que o fato de ter presenciado um assassinato no vagão. Para além das aparências, todos eles escondem um caráter duvidoso.

A cada capítulo, Clarissa entrega diferentes formas de narrativa para apresentar um “sobrevivente” do atentado: desde o padre pedófilo, que conta sua versão tal qual um capítulo da Bíblia, passando pelo grupo de jovens traficantes do colégio, em uma narrativa cheia de gírias e dialetos, até a história em terceira pessoa de uma mãe que odeia o filho porque o marido não a deixou abortar. 

“Todo mundo merece morrer” começou a ser escrito em 2014. “Eu acho que essa história foi feita para ser escrita na minha versão durante aqueles anos.”, confessou a autora, que também contou sobre o seu processo criativo, que define como “um quebra cabeças”, onde as peças já chegam prontas em sua mente e só é preciso montar. “Eu pensava, sim, em ter personagens que as pessoas não conseguissem se apegar, ou então que sentissem certo apego e não gostassem, nem se sentissem confortáveis com isso. (...). É como se eu estivesse fazendo um novo amigo e conhecendo tudo sobre ele. Mas tudo, absolutamente tudo.”

Com o livro já pronto para ganhar o Brasil, Clarissa espera que o “Todo mundo merece morrer” traga questionamentos aos leitores: “Acho que sempre evoluímos quando somos mais tolerantes, quando conseguimos perdoar, e quando conseguimos entender e aceitar a evolução do indivíduo e da sociedade. Mas também precisamos ter consciência de que existem coisas que devem ser inaceitáveis.”, ressalta.
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Nelson Sirotsky lança biografia em coautoria com a romancista Leticia Wierzchowski


No final de 2015, depois de 45 anos de dedicação ao Grupo RBS (Rede Brasil Sul de Comunicações), Nelson P. Sirotsky decidiu deixar os cargos executivos da empresa fundada por seu pai e que capitaneara a comunicação no sul do país. Era chegada a hora de trilhar um novo caminho. Em O oitavo dia, lançamento da Editora Sextante para o mês de outubro, o empresário conta a trajetória daquele jovem que começou a trabalhar aos 17 anos e assumiu a presidência do grupo antes dos 40. Uma narrativa que fala não só sobre seus negócios, mas também sobre sua saga familiar, que começa com imigrantes que atravessaram o mundo para tentar a vida na América.

Para chegar a um formato inovador dos relatos que guarda na memória, Nelson convidou Leticia Wierzchowski, autora da consagrada obra A casa das sete mulheres, para um mergulho em seus valores, espiritualidade e reflexões, tanto no âmbito pessoal quanto no empresarial. O resultado é uma história de coragem e de sucesso, um livro em que fatos reais ganham uma dimensão literária. “Este não é um livro de memórias, uma história empresarial ou uma obra de ficção. O oitavo dia é um pouco de tudo isso. Os assuntos aqui abordados têm a minha perspectiva da verdade, que, como qualquer verdade, não é absoluta”, explica Nelson.

A construção flexível do texto multiplica as visões sobre o empresário e sobre os fatos, e ajuda a esclarecer a personalidade forte e carismática de um homem que, desde menino, sentiu o mais completo fascínio pela profissão do pai, o comunicador Mauricio Sirotsky Sobrinho, falecido em 1986. Do início de sua carreira como auxiliar de contabilidade à presidência do grupo empresarial, Nelson compartilha no livro os bastidores de um dos mais respeitáveis e influentes conglomerados de comunicação do Brasil. 

“Quando deixei de exercer funções executivas na RBS, decidi dividir com os companheiros da empresa, e com o público, as razões daquela decisão tomada aos 63 anos de idade. Escrevi uma carta aberta que acabou sendo publicada no jornal Zero Hora. Expliquei que resolvera me afastar para fazer coisas diferentes, sem ter mais a empresa de comunicação como elemento central de minha vida. Foi somente mais tarde que me dei conta de que, ao escrever aquela mensagem, eu estava, na verdade, fazendo uma profunda reflexão sobre a minha existência, e de como eu gostaria de dividir essas histórias com outras pessoas. Aliás, acho que esse ímpeto de comunicar, esse desejo tão forte de compartilhamento, está no meu sangue”, relata.

O oitavo dia está dividido em quatro narrativas: A árvore da vida, que mergulha nas relações familiares e afetivas, e mostra, ainda, a influência decisiva da educação, da espiritualidade e do exemplo; A chave do cofre, que trata da trajetória profissional de Nelson, suas escolhas, decisões, erros e acertos, tendo como pano de fundo a relação com o pai, e a história do Grupo RBS; O oitavo dia, que dá nome ao livro e traz sua visão de futuro e seus planos após deixar o comando da empresa – tanto no campo profissional quanto pessoal; e, por fim, Autorretratos, escrito em primeira pessoa e com reflexões profundas sobre alguns dos temas abordados ao longo da obra.

Para fugir dos tradicionais álbuns de família, o livro traz ainda imagens de objetos de valor sentimental, metafórico ou histórico, assinadas pelo premiado fotógrafo Celso Chittolina, autor também da foto de capa.
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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Salvar o mundo ou vê-lo destruído?

Paulista natural de Botucatu, Raphael Miguel já conta com um repertório de 26 trabalhos publicados. Entre coletâneas, contos, poemas, antologias, e histórias próprias, o autor possui uma paixão por fantasia e com o sobrenatural, as quais transparecem em suas obras e escrita talentosa.

Um projeto inovador e uma parceria entre autores sedentos por uma fantasia super-heróica nacional de qualidade, foram os inícios da obra Os Supremos. Coordenado por Raphael, o título também contou com a participação de outros três nomes de destaque na literatura nacional contemporânea: Jadna Alana, Renata Maggessi e Jefferson Andrade escreveram cada um suas histórias, que comporiam a obra final. Aslam, Alexia, Abel, Átila e Ágata, personagens que num primeiro momento seriam cidadãos quaisquer, mas que descobrem uma segunda identidade quando seus poderes emergem.

Apresentando uma visão de como seria ter super-heróis brasileiros, cada um com sua particularidade e inseridos em realidades tipicamente nacionais, Os
Supremos excita o leitor com sua fantasia e ação. “Queria ver os personagens brasileiros protagonizando livros. Ver os nossos astros e estrelas nacionais trazendo criações originais e poderosas à vida seria o máximo. Ansiava por isso, sonhava com isso e sabia que era possível”, confirma Raphael.

E não é só com histórias de heróis que o autor demonstra talento. Na fantasia distópica de Planeta Brutal, o escritor desenvolve o drama de uma mãe protegendo o filho das adversidades de um deserto, um dos meio ambientes mais drásticos do nosso planeta. É, acima de tudo, um alerta para o possível futuro que assolaria a Terra. Um desastre ambiental devido ao aquecimento global, extinção de espécies chave e um estouro da população mundial, acarretaram na morte de milhares e em uma mudança radical na vida dos poucos sobreviventes. Uma realidade como o próprio autor explicita no título: brutal.

Essa vida dedicada à fantasia, mas com muito pé no chão para saber sobre o que está faltando no mercado literário e consciência para identificar o que está acontecendo com nosso planeta. Assim, com a cabeça cheia de ideias, que Raphael Miguel conquista seus leitores e ganha um espaço relevante entre os talentosos autores nacionais contemporâneos.
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