quarta-feira, 13 de setembro de 2017

'Chame como quiser' surpreende leitor com contos fantásticos


Histórias com enredos fantásticos, ironia e um pouco de acidez, é o que promete o livro Chame Como Quiser, de Anderson Henrique. Publicado pela editora Penalux, a obra reúne 13 contos inusitados que recorrem ao niilismo e ao sarcasmo para dissecar o cotidiano e questionar as relações humanas.

É comum classificar os livros e seus autores em correntes, escolas ou times. Chame Como Quiser é um caso à parte. Não há um apego à temática ou ao estilo uniforme nos contos que compõem a coletânea. Em “Invisível”, por exemplo, temos uma narrativa que examina a dinâmica dos núcleos familiares através da rotina de um adolescente que tem a convicção de estar desaparecendo. 

É um texto que se aproxima do fantástico para indagar a fragilidade dos elos sociais. Já em “O jantar”, a inclinação na direção do absurdo é clara: um funcionário de escritório é convidado para um jantar misterioso em que é tomado por uma celebridade de renome internacional. Vemos a ascensão do personagem à condição de divindade e seu inevitável regresso ao mundo dos mortais. 


A variação nos temas e nas opções estilísticas parecem definir o livro desde a escolha do título: recortes urbanos quase jornalísticos se misturam a narrativas que apostam em tradições regionalistas; contos que remetem ao realismo mágico como “Multiplicai” figuram ao lado de textos pueris como “Belinha” e histórias que investigam o material humano de dentro para fora como em “A obra”.

O livro sai com a chancela de Marcelino Freire. E para que não se pense que a literatura aqui é levada ao extremo da seriedade, sisuda e tradicional, uma subscrição na capa indica que este é o segundo volume de uma série de um livro só. Anderson extrapola o jogo no conteúdo, em sua biografia e nos elementos gráficos que compõem a obra.

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