Um livro raro publicado em 1565, com 900 ilustrações de plantas,
animais e minerais, a maioria aquarelas, é um dos destaques da mostra Exposição Natureza Impressa em Livro,que
será aberta nesta terça-feira (1º) no Museu do Meio Ambiente, no Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. A obra, considerada referência para vários
campos da ciência, como medicina, farmacologia e botânica, é uma
tradução latina do livro grego Materia Medica, de Pedânio Dioscórides (40-90 dC), feita pelo médico e botânico do Renascimento, Pietro Andrea Mattioli (1501-1577).
“É
dele que parte um conjunto de ciências e estudos, que vão dar conta de
uma série de ações futuras que hoje a gente entende como medicina, como
farmácia e botânica. Naquela época, as coisas eram todas misturadas”,
disse o diretor do Museu do Meio Ambiente, José do Nascimento Júnior.
Segundo ele, existem pouquissimos exemplares deste livro no mundo e ele
é tão importante que em Portugal foi formado um grupo específico de
pesquisadores para estudar a obra.
Na Biblioteca Nacional do Rio Janeiro há um exemplar do mesmo livro,
mas com edição diferente, que traz ilustrações em preto e branco, ao
contrários da que será exposta, que tem aquarelas coloridas. O livro tem
a mesma idade da cidade do Rio de Janeiro: 451 anos. Daí a abertura da
mostra coincidir com o aniversário de fundação da capital fluminense.
A
obra faz parte do acervo de livros raros da Biblioteca Barbosa
Rodrigues, do Jardim Botânico do Rio, e reúne 900 ilustrações. O diretor
do museu informou que, apesar da idade avançada, o livro está “super
atual” e em bom estado de conservação. “As pessoas vão ter uma ideia do
que é o livro, dos seus conteúdos e poderão ver como eram os processos
farmacológicos, de destilação, ou seja, como se tirava substâncias das
plantas para fazer os fármacos”, disse.
O livro original poderá
ser visto pelo público em uma vitrine expositora. Além das páginas
impressas, o público terá a oportunidade de conhecer a obra e suas
ilustrações por meio de um vídeo exibido durante a exposição, que ficará
aberta até meados de junho. Ao término da mostra, o exemplar voltará
para o arquivo da biblioteca, que tem outras obras raras, entre elas os
livros dos naturalistas Von Martius, Glaziou e Auguste Saint-Hilaire.
Nascimento Júnior avaliou que abrir ao público a oportunidade de ver
obras raras a que, normalmente, o cidadão comum não tem acesso é
positivo para que as pessoas entendam “que o que existe hoje de ciência,
de construção científica, tem um histórico até chegar à ciência
moderna, contemporânea”. Normalmente, livros como a tradução de Mattioli
do Materia Medica só são disponibilizadas para pesquisadores.
O público poderá visitar também no Museu do Meio Ambiente, até o dia 13 de março, a exposição intitulada Mata Atlântica, Ciência e Arte, que traz cerca
de 200 obras de ícones da ilustração científica e natural, como
Jean-Baptiste Debret e Margaret Mee, e artistas contemporâneos que fazem
o mesmo tipo de trabalho, como Malena Barretto e Paulo Ormindo que
registraram a fauna e a flora da Mata Atlântica.
Fonte: Agência Brasil.
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