Mais de quinze anos depois do lançamento de As aventuras de Pi, Yann Martel retoma ao cenário literário com o romance As altas montanhas de Portugal, publicado no Brasil pelo selo Tordesilhas. Nesse livro, Martel mantém o estilo inventivo e eloquente, com ideias originais e várias surpresas. A obra mistura conto fantástico e fábula contemporânea em uma jornada de aventura, que explora o amor e a perda de modo devastador.
Repleto de ternura e humor, o romance leva o leitor por uma viagem a Portugal do século passado – e pela alma humana. A obra é dividida em três partes. Ou melhor, é composta por três novelas aparentemente independentes uma da outra, mas que se revelam interligadas de maneira surpreendente.
Os temas principais que ligam as três partes são universais: o difícil processo de perda e luto e a busca por um novo sentido para a vida. Outros temas que perpassam as histórias são religião (razão versus fé, fé versus ficção) e a relação homem/animal.
A primeira parte do romance, intitulada “Sem lar”, se passa em Lisboa, em 1904, e conta a história de Tomás, o jovem assistente do curador do Museu Nacional de Arte Antiga, que está aprendendo a viver à sombra de imensa tragédia familiar. Para conseguir lidar com o luto da perda de sua mulher, seu filho e seu pai, Tomás se dedica a estudar com afinco o diário de Padre Ulisses, que viveu no século XVII. Nele descobre a existência de relíquia, um crucifixo esculpido pelo padre que revela algo que pode abalar a Igreja católica, objeto teoricamente escondido na região das Altas Montanhas de Portugal.
A segunda parte, “Para casa”, se passa na cidade portuguesa de Bragança, também localizada nas Altas Montanhas, e se concentra em Eusébio Lozora, médico patologista que faz plantão no hospital da cidade na passagem do ano de 1938 para 1939. O médico recebe a visita inesperada de uma mulher. Ela lhe conta sobre sua vida com o marido, Rafael, e sobre o luto que o casal viveu com a morte de seu único filho, quando o menino tinha 5 anos. E faz um pedido inusitado a Eusébio.
Na terceira parte, “Em casa”, que se passa na década de 1980, o personagem central é o senador canadense Peter Tovy. Após a morte da mulher e a ruptura com o filho, Peter sente necessidade de mudar de vida. Em uma viagem oficial aos Estados Unidos, visita um centro de estudos de primatas e se encanta com um tranquilo chimpanzé, Odo. O senador decide comprá-lo e viver com o animal, na aldeia portuguesa em que nasceu, a vida simples que sempre desejou.
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