terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Lua Vermelha

de Benjamin Percy (Editora Arqueiro)

O livro conta a história de uma sociedade muito pouco diferente da em que vivemos, a única diferença é a presença de licanos, pessoas que podem se transformar em lobos, que chamaríamos de lobisomens. Os licanos tem uma doença causada por um tipo de vírus, e que pode ser transmitido para outros, sem cura. As pessoas infectadas vivem normalmente na sociedade controlando a doença com remédios, e qualquer um pode esconder isso.
Mas nem todos tem esta intenção, por isso uma célula terrorista licana ataca vários aviões simultaneamente nos Estados Unidos, matando todos os passageiros, exceto um, o adolescente Patrick Gamble. Ele estava se mudando para viver com a mãe depois que o pai foi para guerra. Não vai facilitar estar em uma escola nova sendo o menino milagre, sobrevivente da tragédia, de todos os jornais.
No outro lado do país a adolescente Claire descobre que é uma licana no momento em que os pais são executados dentro de casa por homens do governo. Ela consegue fugir e vaga por vários estados americanos até chegar à casa de sua tia. Onde ela recebe a ajuda de Patrick, e os dois criam uma relação estranha, mas forte.

O estilo do autor é realmente muito bom, ele coloca muito conhecimento no que escreve, e todas as teorias, explicações das doenças, vacinas, termos médicos e militares são muito bem desenvolvidos. A história demora um pouco para acontecer, mas muita coisa acontece, e no fim se torna uma distopia, depois que tudo muda.

Muitos personagens aparecem, e tem história bem fundamentadas, são pessoas reais, complexas e com a dualidade normal aos humanos, e ainda mais complicada dos licanos. Sempre é uma surpresa descobrir quem está, e que não está infectado pelo vírus. é uma sensação difícil de explicar, a leitura causa repulsa e horror pela condição dessas pessoas e o que elas são capazes de fazer, mas ao mesmo tempo dá pena e orgulho pela força deles, e todas as dificuldades que precisam passar apenas por carregarem um vírus dentro de si, que não podem fazer nada a respeito, exceto tomar um remédio que controla a transformação, mas deixa a pessoa lerda e meio apagada.

O livro tem uma capa simples, mas linda e que reflete o que é primordial, a lua, o símbolo dos lobisomens, e como sua imagem foi romantizada e transformada em outras coisas com o passar do tempo, nas representações culturais. Benjamin Percy traz novamente uma imagem atormentada de criatura e humano brigando por um mesmo corpo, uma consciência divida ao meio entre a civilidade e o instinto.

Fui totalmente surpreendida por Lua Vermelha, ele foi muito melhor do que eu esperava. Sua linguagem é complexa de um jeito bom, uma literatura de qualidade que merece reconhecimento. É uma crítica ao militarismo, a dominação estrangeira e principalmente sobre identidade, você é quem os outros dizem, quem eles pensam que são, ou o que sente dentro de si? Entre de cabeça neste mundo fantástico e quem sabe você pode descobrir.

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