Muitas pessoas que têm vontade de escrever um livro pensam sobre a maneira de contar suas histórias muito antes de transportar a ideia para o papel. Mas além do desenvolvimento da trama e personagens, a estruturação dos tópicos, é preciso definir algo fundamental: o tema.
Antes de tudo é imprescindível que um autor escolha uma temática que realmente queira discorrer a respeito e não siga modismos. Por exemplo: Quando E.L. James apresentou o sedutor Christian Grey ao mundo em 50 Tons de Cinza, muitos escritores quiseram aproveitar o momento para também se aventurar na literatura erótica. Um erro.
Casos assim acontecem a cada livro de sucesso, de Harry Potter ao Código Da Vinci - e não há nada de mau nisso. Porém, escrever apenas para acompanhar uma tendência literária, além de não fazer ninguém ganhar pontos no quesito autenticidade, também há grandes chances de resultar em um livro com uma história pouco atrativa, uma cópia mal feita.
Na literatura é fácil perceber que quando um autor se permite escrever sobre suas vivências, inspirações, conhecimentos e observações do mundo é que surgem grandes livros. São vários os exemplos. Um dos mais emblemáticos talvez seja On the Road, de Jack Kerouac, obra considerada o símbolo da geração beat. Após rodar sete anos pelos Estados Unidos, Kerouac escreveu sobre a aventura dos personagens Sal Paradise e Dean Moriarty em uma viagem muito similar a feita pelo escritor na vida real. Não coincidentemente, críticos garantem que o livro seja autobiográfico com Sal Paradise inspirado em si mesmo e, Dean Moriarty,no amigo Neal Cassidy.
Fatos que não têm nenhuma ligação com o autor também podem acabar sendo o ponto de partida para a criação de um livro. A lendária Agatha Christie se inspirou em uma tragédia da vida real para escrever Assassinato no Expresso do Oriente. No livro, a garotinha Daisy Armstrong foi baseada no filho do famoso aviador Charles Lindbergh. Em 1932, o bebê de 20 meses desapareceu de seu berço e uma nota de resgate foi deixada na casa em Nova Jersey (EUA) exigindo US$ 50 mil dólares. Tanto na fantasia quanto na vida real, os corpos das crianças foram descobertos depois dos resgates serem pagos.
Costumo dizer que, antes de escrever, o autor deve mergulhar em suas memórias, seus sentimentos e, a partir dessa análise introspectiva, extrair o tema do livro. É essa imersão interior que irá cativar o leitor, tornando críveis o enredo e seus personagens. Assim, se o assunto do seu livro ainda não foi definido, busque a história dentro de você, é onde ela está. Seja um caçador de emoções e dê alma à sua obra. Em um futuro post, conversaremos sobre como você deve fazer para escolher o tema de seu livro técnico ou de não ficção.
* Eduardo Villela é book advisor e, por meio de assessoria personalizada, ajuda pessoas a escrever e publicar suas obras. Mais informações em www.eduvillela.com
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