O Pior dia de todos é um romance terno e perturbador, uma ficção criada a partir de um dia trágico, que realmente aconteceu – o Massacre de Realengo, como ficou conhecido o atentado a uma escola do subúrbio do Rio, em que um ex-aluno matou 12 estudantes, a maioria meninas, em abril de 2011. Não é um livro sobre o massacre, mas sobre a amizade. Escrito por uma jornalista que cobriu o episódio, O Pior dia de todos não é um livro sobre aquelas mortes, mas aquelas vidas.
Malu e Natália, as duas primas que protagonizam esta história, nos revelam o que é ser menina nesse país, alimentando grandes esperanças quando é sempre iminente o risco de se perder tudo. A tragédia do Realengo, a maior já ocorrida numa escola brasileira, comoveu o país em abril de 2011 – quando vivíamos uma euforia econômica, o acesso à educação começava a transformar uma geração e estávamos todos otimistas. Oito anos depois, mudou o país, mudamos nós – e este livro, como só as narrativas mais originais conseguem, pretende transformar um relato em material sólido, capaz de perdurar por mais tempo.
Com estrutura aparentemente simples, a obra nos apresenta um mundo difuso de preconceitos, desejos e limitações de forma crua e clara. Através de suspensões, silêncios e outros recursos sutis da linguagem, foge da pieguice para nos capturar com inteligência e emoção. Daniela Kopsch faz uma estreia surpreendente, alvissareira, quando livros e meninas vivem momento tão adverso no país.
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