de Damien Echols (Editora Intrínseca)
Quando ainda era apenas um adolescente, Damien Echols foi acusado de ser o líder de uma seita satânica que assassinou três crianças no estado de Arkansas, nos Estados Unidos. No livro Vida Após a Morte (Editora Intrínseca), o autor relata sua história desde a infância pobre, até se tornar um jovem desajustado e estranho em uma cidade pequena.
Echols chamava a atenção por suas roupas pretas e camisetas de bandas e foi exatamente estar em evidência que lhe causou tantos problemas. Junto com os amigos Jason Baldwin e Jessie Misskelley, ele foi preso durante a investigação do crime. O trio de 'góticos' foi preso pelo assasinato brutal de Steve Branch, Michael Moore e Christopher Byers, todos de 8 anos de idade. O julgamento virou um circo midiático cheio de lapsos da promotoria e erros graves dos advogados o que acabou condenando três inocentes.
Enquanto Jesse e Jason foram sentenciados à prisão perpétua, Damien foi levado ao Corredor da Morte, onde deveria ser executado com uma injeção letal. A opinião pública começou a mudar com a produção de uma série de documentários da HBO americana, que apontou as falhas do processo judicial.
A maior sorte dos jovens foi a rapidez com que os documentaristas foram até a cidade, companhando o caso desde o início, ouvindo testemunhas, pais, acusados e demais envolvidos no julgamento. Os programas exibidos pela emissora americana mostraram vários lados do caso, e abriram os olhos da maioria das pessoas para uma verdade bem óbvia que estava sendo deixada de lado: o trio preso pelos crimes não havia realmente cometido os assassinatos, e o verdadeiro assassino ainda andava livre.
A maior sorte dos jovens foi a rapidez com que os documentaristas foram até a cidade, companhando o caso desde o início, ouvindo testemunhas, pais, acusados e demais envolvidos no julgamento. Os programas exibidos pela emissora americana mostraram vários lados do caso, e abriram os olhos da maioria das pessoas para uma verdade bem óbvia que estava sendo deixada de lado: o trio preso pelos crimes não havia realmente cometido os assassinatos, e o verdadeiro assassino ainda andava livre.
O livro de Damien Echols conta uma boa parte sobre a prisão, o julgamento e tudo que ocorreu. Mas principalmente mostra uma perspectiva única e pessoal de um jovem que foi sentenciado ao corredor da morte, e que passou boa parte de sua vida dentro do sistema carcerário americano (um dos mais rígidos do mundo). Em detalhes ele narra não apenas sua infância e o tipo de adolescência errática que o levou a ser alvo de rumores e fofocas que culminaram na sua prisão. Ele conta muito da vida na prisão, e dos tipos de humilhações e sofrimentos que vivenciou no corredor da morte.
Quando ouvi falar pela primeira vez deste caso, julguei como a maioria das pessoas faz, imaginei que "alguma coisa eles deveriam ter feito", pelo menos que valesse uma acusação desta natureza. Mas um crime que já seria absurdo por si, se tornou algo ainda pior. Principalmente porque não foram apenas os menininhos assassinados que perderam suas vidas; as famílias foram arrasadas pelo crime, e os jovens suspeitos nunca mais foram os mesmos.
Durante a leitura do livro, e quando assistia aos documentários, eu só conseguia pensar que essa história é complexa demais pra ser ficção, e esta é a única razão: só a verdade poderia ser tão estranha.
A história já é bem conhecida por uma boa parte do público, que acompanhou tanto a cobertura do julgamento e prisão, quando a extensa campanha feita com apoio de celebridades para a libertação do trio de West Memphis, como eles ficaram conhecidos. No entanto, no Brasil a história não teve tanta divulgação. Entre as celebridades que apoiaram os três estavam Eddie Vedder, Johnny Depp, Axl Rose e Peter Jackson que além de dar apoio financeiro para a causa, ficaram amigos de Damien.
Sua narrativa pessoal emociona e revolta em níveis correspondentes. É fácil se identificar com o Trio de West Memphis, que foi libertado em 2011. Mas 18 anos na prisão tem seu preço. Durante a leitura do livro, a única coisa que conseguia pensar era que isso poderia ter acontecido comigo, ou com amigos meus. Mesmo que a data seja anos depois, mesmo que o local seja diferente, injustiças penais podem acontecer com qualquer pessoa.
A edição brasileira da biografia de Damien Echols ficou bem caprichada, com uma boa tradução e revisão, e também por conter no centro algumas páginas com fotografias e outras imagens citadas durante a narrativa. Uma história real de muito sofrimento, mas com um final feliz. Um livro que recomendo, principalmente a todos que são tão rápidos em julgar seus semelhantes. Em tempos de redes sociais é muito fácil levantar a voz pra acusar outra pessoa, o difícil é tentar compreender as situações no todo, e agir com humanidade e justiça.
Para quem quiser assistir aos três documentários, eles estão disponíveis no Youtube:
Paradise Lost: The Child Murders at Robbin Hood Hills: Parte 1 e Parte 2
Quando ouvi falar pela primeira vez deste caso, julguei como a maioria das pessoas faz, imaginei que "alguma coisa eles deveriam ter feito", pelo menos que valesse uma acusação desta natureza. Mas um crime que já seria absurdo por si, se tornou algo ainda pior. Principalmente porque não foram apenas os menininhos assassinados que perderam suas vidas; as famílias foram arrasadas pelo crime, e os jovens suspeitos nunca mais foram os mesmos.
Durante a leitura do livro, e quando assistia aos documentários, eu só conseguia pensar que essa história é complexa demais pra ser ficção, e esta é a única razão: só a verdade poderia ser tão estranha.
A história já é bem conhecida por uma boa parte do público, que acompanhou tanto a cobertura do julgamento e prisão, quando a extensa campanha feita com apoio de celebridades para a libertação do trio de West Memphis, como eles ficaram conhecidos. No entanto, no Brasil a história não teve tanta divulgação. Entre as celebridades que apoiaram os três estavam Eddie Vedder, Johnny Depp, Axl Rose e Peter Jackson que além de dar apoio financeiro para a causa, ficaram amigos de Damien.
Sua narrativa pessoal emociona e revolta em níveis correspondentes. É fácil se identificar com o Trio de West Memphis, que foi libertado em 2011. Mas 18 anos na prisão tem seu preço. Durante a leitura do livro, a única coisa que conseguia pensar era que isso poderia ter acontecido comigo, ou com amigos meus. Mesmo que a data seja anos depois, mesmo que o local seja diferente, injustiças penais podem acontecer com qualquer pessoa.
A edição brasileira da biografia de Damien Echols ficou bem caprichada, com uma boa tradução e revisão, e também por conter no centro algumas páginas com fotografias e outras imagens citadas durante a narrativa. Uma história real de muito sofrimento, mas com um final feliz. Um livro que recomendo, principalmente a todos que são tão rápidos em julgar seus semelhantes. Em tempos de redes sociais é muito fácil levantar a voz pra acusar outra pessoa, o difícil é tentar compreender as situações no todo, e agir com humanidade e justiça.
Para quem quiser assistir aos três documentários, eles estão disponíveis no Youtube:
Paradise Lost: The Child Murders at Robbin Hood Hills: Parte 1 e Parte 2
Paradise Lost: Revelations: Parte única
Paradise Lost: Purgatory: Parte única
Essa história, sem dúvida bizarra e que parece inacreditável, foi transformada em filme em 2014. O longa Sem Evidência (Devil's Knot, no título original) foi estrelado por Colin Firth e Reese Whiterspoon. Confira o trailer: