domingo, 6 de outubro de 2013

Tarás Bulba

de Nikolai Gógol (Editora Abril)

A história começa com a história de dois irmãos Andril e Ostáp, filhos do lendário guerreiro Tarás Bulba, que após anos trancados em um internato para estudar voltam a casa, onde podem rever os pais. No entanto os planos de Bulba são de não deixar que os dois se acomodem em casa, e os leva diretamente ao acampamento dos soldados que esperam sua próxima batalha. A cena da mão dos dois pedindo ao marido que não os leve ainda é comovente, apesar a violência e da anedota sempre presentes no livro.
Somos então apresentados aos polêmicos guerreiros cossacos, tidos por muitos como apenas bárbaros, bêbados e violentos. No entanto, estes cavaleiros ucranianos eram bem mais complexos do que um descrição simplista e preconceituosa pode conceber. No século XVI, os cossacos lutam pela independência da Ucrânia contra a influência dos poloneses durante muitos anos, protegendo as cidades e impedindo que as linhas inimigas cheguem onde suas mulheres e crianças poderiam ser feridas. Como em todas as guerras, ninguém é apenas santo ou demônio. É de conhecimento que os cossacos saqueavam vilas e cidades para abastecer suas tropas, mas eles tinham regras estritas entre suas fileiras. Claro que a paz para eles não dura muito, e mesmo após um tratado de paz com os poloneses eles seguem o conflito, porém um dos filhos de Taras, que carrega uma paixão antiga por uma "inimiga" pode colocar sua família em uma posição muito complicada.
A cultura do povo e a realidade da época são tão bem colocadas por Gógol que é impossível não se sentir lá, e não compartilhar em um certo nível deste sentimento de pertencimento, dever e honra que move estes homens. O texto é curto, mas muito marcante, e toca pelos conflitos entre pais e filhos que serão atuais enquanto o mundo for mundo. O final é marcante de um modo assombroso. Livro maravilhoso, que merece não apenas ser livro, resenhado e comentado, mas guardado perto para uma leitura quando a vontade bater. E ela vai.

Gostaria de dedicar esta resenha ao encantador Sr. Serafim Magalhães, pai da minha grande amiga Neca, que nos deixou neste ano. Ele, que todas as vezes que me encontrava, me perguntava como estavam minhas leituras, e se eu ainda lia muito. E sempre me recomendava que lesse o livro de um autor russo, que ele não recordava mais o nome, sobre um cossaco que se apaixonava por uma princesa. Obrigada seu Maga pela dica maravilhosa.

2 comentários:

Unknown disse...

Paola, além de me emocionar com a dedicatória ao meu "véio" Maga, fiquei com vontade de ler esse livro. Bju grande cheio de saudades e boa sorte, "minha filhota".
Necamagabraz

Paola Severo disse...

Obrigada minha flor, não pude deixar de lembrar do seu Maga durante a leitura! Beeijos

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