Machado de Assis é conhecido principalmente pelos seus textos em prosa. Entretanto, o escritor também se aventurou em versos, principalmente no início de sua carreira. Foi a partir da leitura desses poemas, que Audrey Ludmilla do Nascimento Miasso notou que havia poucos estudos sobre as epígrafes utilizadas pelo autor em suas poesias, o que a motivou a investigá-las.
Sua pesquisa de mestrado - defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura (PPGLIt) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e orientada por Wilton Marques, professor do Departamento de Letras (DL) da Instituição -, foi transformada no livro "Epígrafes e diálogos na poesia de Machado de Assis", publicado pela Editora da UFSCar (EdUFSCar), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O livro nasceu, justamente, da observação das recorrentes epígrafes que abrem a maioria dos poemas machadianos. Embora o escritor seja pouco conhecido enquanto poeta, o fundador da Academia Brasileira de Letras iniciou sua carreira escrevendo versos e não os abandonou, apesar de ter, ao longo do tempo, diminuído sua produção poética. "O livro fala das epígrafes, que são pequenos trechos que estão nos poemas de Machado de Assis, da forma como eles dialogam com a poesia e como foram aproveitados na poesia machadiana", explica a autora.
A obra tenta entender e revelar a relação entre a poesia machadiana e as epígrafes escolhidas pelo autor para seus poemas. Esses diálogos revelam autores que de alguma forma fizeram parte da formação inicial de Machado de Assis. "Por exemplo, os nomes que assinam as epígrafes são possíveis leituras que influenciaram a escrita machadiana, no período em que a crítica chama de primeira fase de sua carreira. Entretanto, pode-se extrair das epígrafes mais que apenas nomes e influências, mas o próprio diálogo entre os textos literários", explica Miasso. Alguns nomes que aparecem nessas epígrafes são Victor Hugo, Alfred Musset, Dante Alighieri, Homero, Gonçalves Dias, Camões, William Shakespeare e outros.
Além disso, o livro abre espaço para repensar o próprio papel da epígrafe dentro dos textos literários. "A epígrafe não é exclusividade da poesia machadiana e não se comporta dentro do texto como uma citação ordinária. Além de ocupar um lugar de destaque, o modo como o texto literário epigrafado se apresenta revela um diálogo todo específico desse tipo de relação", afirma a pesquisadora. Atualmente cursando doutorado no PPGLit, Miasso, que estuda o projeto poético machadiano desde 2008, está desenvolvendo uma pesquisa sobre a maturidade literária do poeta Machado de Assis.
O lançamento de "Epígrafes e diálogos na poesia de Machado de Assis" é aberto ao público e acontece no dia 5 de abril, às 17 horas, no Auditório da Unidade Especial de Informação e Memória (UEIM), no prédio do Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH), na área Sul do Campus São Carlos da UFSCar. Mais informações no site www.edufscar.com.br.
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