Vivemos na era da informação, uma era de excessos, na qual fazemos mil coisas ao mesmo tempo e recebemos os mais diversos tipos de estímulo das mais variadas fontes. No meio disso tudo, como não se esquecer de coisas importantes? Como conseguir se organizar? Segundo Daniel Levitin, autor de A mente organizada, “sozinha a mente não organiza as coisas da maneira que você gostaria que fizesse. Ela é pré-configurada, e, apesar de ter enorme flexibilidade, foi construída sobre um sistema que evoluiu durante centenas de milhares de anos para lidar com tipos e volumes diferentes de informação de que hoje dispomos. Para ser mais específico: o cérebro não é organizado da maneira que você talvez arrumaria seu escritório em casa ou o armário de remédios do banheiro."
Se entendermos como o cérebro organiza as informações, talvez consigamos lidar com elas em vez de travar uma luta constante com a chave que perdemos, a reunião que esquecemos e o voo que não marcamos. Não existe um sistema único que funcione para todo mundo — somos todos singulares. No entanto, a neurociência e a psicologia nos brindaram com diversas estratégias que podem facilitar nossa vida.
Affordances do dia a dia
Uma ajuda fundamental para nos impedir de esquecer e perder as coisas é descarregar a informação do cérebro para o ambiente: utilize o próprio ambiente para lembrá-lo do que precisa ser feito.
Num sentido mais amplo, isso tem relação com o que os psicólogos cognitivos chamam de affordances. Uma affordance descreve um objeto cuja forma fornece a informação sobre a maneira de utilizá-lo. O formato do telefone na sua mesa mostra qual é a parte que você precisa pegar. A maioria das tesouras tem dois buracos para os dedos, um maior que o outro, e assim você sabe onde enfiar os dedos e onde enfiar o polegar (exceto para os canhotos). A xícara mostra onde você deve pegá-la. E por aí vai.
Criar affordances no seu dia a dia o ajudará a diminuir a sobrecarga do cérebro.Uma dica é colocar um gancho para as chaves ao lado da porta e uma bandeja ou prateleira para seu smartphone. Mas temos que usar esses objetos todos os dias. Para dar certo, o sistema depende de sermos repetitivos. Assim que entrar em casa, pendure-as no gancho. Sempre. Se o telefone estiver tocando, primeiro pendure as chaves. Se estiver com as mãos ocupadas, largue o que estiver segurando e pendure as chaves. Você vai ver como dá resultado!
O método Bullet Journal
Outra forma de diminuir a sobrecarga do cérebro é usando a boa e velha agenda. Um dos métodos de organização que vem ganhando enorme popularidade recentemente é o Bullet Journal, uma mistura de agenda, diário e lista de tarefas que tem o intuito de organizar toda a sua vida em um único lugar: um caderno.
Isso mesmo, um caderno. Para utilizar esse sistema, você só precisa de papel e caneta. Mas por que não usar um aplicativo ou qualquer outra ferramenta digital? Ryder Carroll, criador do método, explica:
"A tecnologia remove barreiras e diminui a distância entre as pessoas e a informação. Podemos aprender sobre praticamente qualquer coisa ou nos comunicar com qualquer um, a qualquer hora, de qualquer lugar, utilizando apenas um celular. No entanto, essa conveniência tem seu preço. Em um mundo com amplificadores de sinal de wi-fi presos a torres de igreja, nenhum lugar é sagrado. Da sala de reunião ao banheiro, a tecnologia inundou nossas vidas com mais conteúdo do que jamais conseguiremos processar. Isso acabou com nosso tempo de atenção. Estudos sugerem que nossa concentração sofre simplesmente por estarmos na mesma sala que nossos smartphones, mesmo se estiverem em modo silencioso ou desligados! Estamos diminuindo cada vez mais a quantidade de tempo que temos para pensar. Sentar com seu caderno lhe permite esse precioso luxo. Cria um espaço pessoal, livre de distrações, para se conhecer melhor. Uma das principais razões para usarmos o caderno no método Bullet Journal é que ele nos obriga a desconectar."
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