O que parecia ser um belo domingo em família na praça principal da pacata cidade de Bento Costa, em Minas Gerais, se transformou em um terrível pesadelo. Eram por volta das nove da noite quando sete tiros são ouvidos, vindos de uma rua próxima à praça lotada, espalhando pânico e terror.
Sete corpos são encontrados em uma rua sem saída e, aparentemente, a única coisa em comum entre as vítimas é que todos tinham 26 anos. Inspirada em casos de comoção nacional, a obra Lentes Avulsas, do jornalista e administrador de empresas Raphael Vitoriano, tem como ponto de partida o mistério que envolve uma chacina que comoveu o país: quem é (ou são) o assassino?
Bento Costa, que antes era quase esquecida, se vê diante dos holofotes da imprensa nacional que noticiou tudo sobre o caso, menos a verdade. Sob a pressão da mídia, a polícia se vê obrigada a dar uma solução imediata à tragédia, vendo uma saída fácil ao atribuir o crime à uma quadrilha famosa por realizar assaltos a postos de gasolina e casas lotéricas na cidade do que buscar a fundo os verdadeiros culpados.
Pelas perspectivas das próprias vítimas e do assassino, a obra destrincha a fundo os fatos que envolvem cada personagem: suas vidas, relações, qualidades, defeitos e a motivação do crime. Aos poucos, o leitor constrói o quebra-cabeças sobre as conexões que existem entre as vítimas e a relação entre elas e o assassino.
O autor ainda provoca uma discussão sobre as problemáticas éticas e morais da sociedade, expondo como cada pessoa é uma peça dentro de um jogo muito maior e a influência que a ação de cada um pode ter na vida do outro.
A cada capítulo é explícito como o sensacionalismo que envolve as grandes coberturas jornalísticas de tragédias se sobressai ao simples fato de noticiar. Tudo pela audiência. E quem está errado nesse ciclo vicioso? O público que quer consumir cada vez mais esse tipo de matéria ou os veículos de comunicação que também precisam dessa audiência?
Em meio a muito suspense e mistério, Lentes Avulsas convida os leitores a se permitirem analisar todos os ângulos de um fato, por maiores que sejam as evidências. Atual e crítica, a obra traz questionamentos necessários sobre a sociedade contemporânea e questiona: será que tudo o que vemos nos noticiários é realmente a verdade?
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