O escritor carioca Geovani Martins, de 26 anos, lançou em 2018 o seu primeiro livro pela Companhia das Letras. Reunindo 13 contos inéditos, O sol na cabeça retrata com um realismo impactante e crueza a vida dos jovens de comunidades do país, sem perder o foco na ação e com um domínio técnico raro. O escritor nasceu em Bangu, morou na Rocinha e vive atualmente no Vidigal. Seus contos se passam no Rio de Janeiro, mas falam de um Brasil que não se vê e que não sabe de si.
O autor conta que durante dois anos escreveu 12 dos 13 contos que estão no livro. “Trabalhava seis horas por dia, de segunda a sexta em uma máquina de escrever que ganhei da minha mãe. Na virada de 2015 para 2016, após reescrever diversas versões, o livro começou finalmente a ganhar forma”, relata. Geovani buscava criar histórias que dessem vida às várias vozes que, apesar de relacionadas a um mesmo universo, são bem diversas e contrastantes.
O processo, no entanto, não foi fácil: “Fazer esse livro foi desesperador. Parei de estudar na oitava série e estava desempregado. Era uma mistura de desespero com falta de perspectiva. O sol na cabeça é todo pautado por essa claustrofobia”.
Nos treze contos de O sol na cabeça, deparamos com a infância e a adolescência de moradores de favelas – o prazer dos banhos de mar, das brincadeiras de rua, das paqueras e dos baseados –, moduladas pela violência e pela discriminação racial.
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